xi consintsep analises apontam forte acirramento e luta de classes para 2018
.
A percepção inequívoca de que a classe trabalhadora brasileira e os movimentos sociais vivem um momento de estrangulamento foi o ponto chave deste segundo dia do XI Congresso do Sintsep-GO. Confira aqui as fotos deste 2º dia de trabalho (9), no Golden Dolphin Hotel, de Caldas Novas (GO).
Após os informes, ainda no período da manhã, uma mesa integrada pelo presidente da CUT-GO e representante da corrente trabalhista EPS, Mauro Rubem; pelo professor Dr. Claudio Maia, da UFG; pelo coordenador do MST em Goiás, Valdir Misnerovicz; pelo diretor da Condsef e do Sintsep-GO, Gilberto Jorge; pelo diretor da CUT nacional Pedro Armengol e pela economista do Dieese em Brasília, Alessandra Cadamuro; sob a coordenação dos companheiros Welison Marques, Isabel Pinto e Deusina Soares comandou os trabalhos de análise de conjuntura que prendeu a atenção dos/as delegados/as por mais de quatro horas.
“A situação é grave. Em todos os Congressos que eu já participei do Sintsep-GO eu nunca tinha ouvido uma análise de conjuntura tão competente e, ao mesmo tempo, tão trágica”, pontuou o companheiro e delegado de base, João Cordeiro.
Basicamente, a pauta girou em torno do desmonte do serviço público no Brasil, devido à terceirização irrestrita e à Emenda Constitucional 95; do trabalho decente, devido à Antirreforma Trabalhista e do fim da aposentadoria com o mínimo de dignidade, devido à proposta de Antirreforma da Previdência.
“O caminho trilhado pelo atual governo brasileiro segue a proposta do neoliberalismo extremado, que começou com Reagan e Margaret Thatcher. É um caminho de enfraquecimento do público para privilegiar o privado. E para justificar isso tem que haver a destruição gradativa do que é público, não tem jeito. Então, você pega um governo impopular, que não tem nada a perder politicamente e se dispõe a ser capacho do capital internacional para operar toda essa desregulamentação”, contextualizou o professor Cláudio Maia.
O raciocínio foi aprofundado pelo coordenador do MST em Goiás, Valdir Misnerovicz, afirmando que nós vivemos atualmente não apenas uma crise, mas uma conjugação de várias crises, que são locais, internacionais e planetárias. “Estamos em um momento histórico novo, composto por uma conjugação de crises, que convivem ao mesmo tempo e que vão além da crise econômica internacional. Nossa percepção maior é que não há saída para a crise econômica nesse modelo de desenvolvimento, porque é o modelo que provoca a crise. Junto com isso, há uma crise política forte, que atinge os três poderes, com uma forte desmoralização dos políticos e do Judiciário. Há uma outra crise, a social, devido à frágil rede de proteção social que está sendo desfeita e há, ainda, uma grave e irreversível crise ecológica, na qual a natureza diz ‘basta, não há como seguir desse jeito’”, enumera.
Para ele, não há outro caminho de mudança que não passe pelo acirramento da luta de classes. “A tendência para o próximo período é o acirramento da luta de classes. Na minha opinião, não há mais espaço para a política conciliatória. Ano que vem é ano de grandes ocupações de terra, nós vamos pautar a reforma agrária pelo conflito, já que não há outro modo. Se nós olharmos os processos históricos, onde houveram mudanças estruturais, elas se deram quando os de cima não conseguem mais dominar e os debaixo não aceitam mais ser dominados”, assertiu Valdir, aplaudido.
Autocrítica
Dirigente do Sintsep-GO e da Condsef, Gilberto Jorge, aproveitou a análise dos companheiros e destacou que o movimento sindical como um todo necessita urgentemente fazer uma autocrítica. “Infelizmente os servidores públicos brasileiros são conservadores. Nós sofremos ataques de toda ordem, mas não nos incluímos como classe trabalhadora no conjunto dos trabalhadores do país. Nós achávamos que éramos diferentes, mas não somos. Estamos todos no mesmo barco da precarização, desregulamentação e perda de direitos. Infelizmente, parte dos nossos companheiros do serviço público não estão com formação política necessária para entender o momento pelo qual estamos passando. É preciso lembrar que o ataque neoliberal é articulado, globalizado e que defender o serviço público não é corporativismo, é uma proposta de desenvolvimento para o país. Neste sentido, no campo político, não há como o conjunto dos trabalhadores brasileiros apoiarem alguma candidatura que não faça aliança formal com os movimentos trabalhistas e sociais”, frisou.
Mauro Rubem destacou que a luta deve ser feita de todos os modos. “Talvez nós não possamos tentar unir todos os trabalhadores brasileiros, por ser essa uma tarefa muito ampla. Mas não podemos trabalhar para unir em Goiás? Os sindicatos têm esse dever de casa, que deve ser feito, e que, neste caso, tem sido realizado pelo Sintsep-GO. Além disso, temos que trabalhar cada vez mais o campo da Comunicação. Ampliar nossas próprias redes, produzir e viralizar a nossa informação, a informação dos trabalhadores e dos movimentos sociais, que é a que nos interessa. Temos a Rádio Trabalhador, fruto de uma parceria dos vários sindicatos e centrais com a CUT-GO. Inauguramos nosso estúdio no último dia 7 e já estamos produzindo a informação que nos interessa”, destacou.
TESE
Ao término da análise de conjuntura, que contou ainda com explanação da economista Alessandra Cadamuro, do Dieese-DF, sobre os prejuízos que as reformas de Michel Temer trazem ao mundo do trabalho, nas esferas pública e privada, delegados/as iniciaram os debates, que foi dominado pela percepção de que é necessário adotar a unidade e atitudes coordenadas entre os trabalhadores dos setores público e privado, do campo e da cidade, para que o Brasil mude a rota que está sendo traçada pelo governo golpista, pelos parlamentares, com a conivência do STF.
Gilberto Jorge fez ainda explanação rápida sobre o Balanço do Movimento – inserido no Documento da Tese Central – e o assessor técnico do Sintsep-GO, Saulo Reis, pontuou as alterações estatutárias necessárias de acordo com o novo Código Civil (Lei 13.105/2015).
“Todas as considerações relacionadas à Tese, Plano de Lutas, Balanço do Movimento e adequação estatutária – bem como qualquer outra proposta – serão formuladas nos grupos de trabalho, que apresentarão amanhã (10) suas conclusões sobre os temas propostos”, explicou o presidente do Sintsep-GO, Ademar Rodrigues.