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Depois de dois dias reunidos em plenária nacional, no Conic, 180 delegados

sindicais na Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) aprovaram por consenso a realização de uma marcha a Brasília no dia 26 de março e,

pelo menos por enquanto, descartaram submeter às assembléias estaduais qualquer indicativo de greve. O gesto foi interpretado pelas alas mais moderadas da entidade

como uma espécie de voto de confiança ao governo. No decorrer do próximo mês, os representantes dos servidores terão uma série de reuniões com o Ministério do

Planejamento para ajustar o calendário de reajustes acertado em 2007. Cerca de 30 categorias aguardam aumentos salariais neste ano. Com o Orçamento aprovado, a Condsef

acredita que terá melhores condições de exigir o cumprimento dos acordos e promessas firmados até dezembro do ano passado. Nesses encontros com técnicos do governo, as

lideranças sindicais vão solicitar uma suplementação orçamentária como forma de ampliar a reserva de recursos feita pelo Congresso Nacional para bancar correções

salariais. Josemilton Costa, secretário-geral da Condsef, estima que, além dos R$ 3,4 bilhões já assegurados pelos parlamentares, seriam necessários mais R$ 5 bilhões.

“O dinheiro que consta no Orçamento não dá para todo mundo. Se não avançarmos, vamos sentar com as categorias e pensar seriamente em uma paralisação nacional a partir

de abril”, explicou o sindicalista. Pelos cálculos apresentados às entidades de classe, todos os reajustes salariais prometidos em 2007 custariam R$ 6 bilhões. Ao

longo do mês de março, os servidores tentarão buscar a ratificação dos acordos assinados e a formalização de outros que estavam em andamento, mas que ainda esperavam

por recursos. “Estamos atentos a um possível recuo por parte do governo”, reforçou Costa. Na marcha que será organizada pela Condsef a expectativa é reunir 7 mil

pessoas. Sem mágica O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, monitora a situação do funcionalismo com atenção especial. Apesar de ter sido orientado pelo

presidente Luiz Inácio Lula da Silva a negociar até o limite, Bernardo não está disposto a extrapolar os gastos com pessoal, nem é simpático à idéia. Ao próprio Lula,

o ministro disse que não é possível fazer mágica com o Orçamento e que a folha de funcionários precisa respeitar limites. Outros ministros devem assumir a mesma

postura, ou seja, vão se reunir com as categorias e ouvir todas as queixas dos servidores, mas sem ceder a qualquer custo. As demandas salariais mais delicadas atingem

os ministérios do Meio Ambiente, Fazenda, Agricultura, Saúde, Ciência e Tecnologia, Cultura, Transportes e Justiça. Os trabalhadores reivindicam, entre outros, a

contratação de pessoal, a reestruturação de tabelas salariais e a revisão ou inclusão de alguns benefícios. Internamente, os sindicatos avaliam que as dificuldades que

rondam a agenda de negociações 2008 são enormes. Nas bases, no entanto, os líderes reforçam táticas de confronto, deixando sempre como opção a greve. Nos bastidores, a

tática é outra: prevalece o bom senso e os representantes sindicais se esforçam para conciliar os interesses das categorias à pouca folga da União em abrir o caixa.

Embora não admitam em público, alguns setores do funcionalismo concordam em deixar para 2009 acordos que deveriam vigorar agora. Em parte, isso se deve às dificuldades

de se organizar uma paralisação de f�lego nacional em um momento de grande popularidade do governo Lula. No ano passado, sem grande sucesso, houve algumas tentativas

de unir as categorias mais fortes do funcionalismo. (Fonte: Correio Braziliense)