Evento, adiado por quatro vezes em função da pandemia, tem abertura marcada pela emoção e pela alegria do reencontro. Confira o balanço das atividades de sexta (24/9) e sábado (25/9), bem como fotos e a íntegra das atividades nos vídeos, ao final da matéria

“Apesar da pandemia, este é um dos congressos mais participativos já realizados pelo Sintsep-GO”. Esta é uma das percepções do evento, até o momento, por parte do presidente da entidade, Ademar Rodrigues, no transcurso das atividades deste sábado, 25/9.

A abertura, na noite de ontem (24/9), foi realizada em clima ameno, de muita fraternidade, na qual os palestrantes e debatedores convidados expuseram a relevância do Congresso e da mobilização de seus participantes na organização da luta contra os abusos, desmontes e retiradas de direitos da classe trabalhadora, que têm sido perpetrados desde o golpe que destituiu Dilma Rousseff, em 2016, começou no governo Temer e tem se aprofundado, de forma catastrófica, com Jair Bolsonaro.

A mesa de abertura do XII Congresso contou com as participações de Pio Tadeu da Silva Lima, representante do sindicato em Caldas Novas; Ronilson Junior, da União Estadual dos Estudantes (UEE); Carlos Alberto de Almeida, presidente do Sintsep-MS; Walmir Barbosa, do Sintef; João Pires Júnior, do SintIFESgo; Gilvam Moreira, do MST; Edilson José Muniz, da Condsef/Fenadsef; Max Leno de Almeida, economista do Dieese/DF; Pedro Armengol, diretor da CUT; Mauro Rubem de Menezes Jonas, vereador por Goiânia pelo PT; da deputada estadual Adriana Accorsi (PT-GO) e do presidente do Sintsep-GO, Ademar Rodrigues de Souza, que fez a abertura oficial.

Falas emocionadas e aguerridas, destacando o protagonismo da entidade não somente em nível estadual, mas também nacional, marcaram o início das atividades. Emoção que embargou a voz de Pio Tadeu, de João Pires e do próprio presidente, Ademar Rodrigues, que recebeu uma comemoração surpresa por seu aniversário, que coincidiu com a data de abertura do evento – adiado por quatro vezes em função da Covid-19. Pouco após a oração, proferida pelo diretor Crescêncio Sena, os quase 80 delegados presentes no salão do Hotel Golden Dolphin, de Caldas Novas (GO), parabenizaram o dirigente sindical por seus 66 anos.

“A abertura solene, na verdade, tornou-se uma confraternização de amigos, de pessoas que ajudaram a fundar esta entidade, companheiros de luta de primeira hora e de sempre; foi uma grande festa para todos os participantes deste Congresso”, avaliou Ademar.

Sábado de muito trabalho
Como nem tudo é festa, o sábado foi de muito trabalho para os delegados/as. Pela manhã, informes jurídicos, administrativos, sindicais e nacionais foram conduzidos pelo advogado Max Andrews; pelo dono da empresa de convênios Focco Brasil, Euplácido Pedroso e pelo diretor da CUT e da Condsef/Fenadsef, Pedro Armengol.

Enquanto Max destacou o andamento de processos que interessam à maioria dos filiados/as ao sindicato, Pedroso abordou os novos convênios que têm sido fechados com o sindicato, relacionados a aquisição de produtos e serviços diversos (clique aqui para conhecer mais sobre os convênios que beneficiam os associados ao Sintsep-GO).

Já os informes nacionais ficaram por conta de Armengol. O maior destaque, sem dúvida, foi a luta que está sendo empreendida contra a aprovação da PEC 32/2020, cuja aprovação significa, na prática, o desmonte do serviço público brasileiro, a perda de prerrogativas essenciais aos servidores públicos para o desempenho de suas funções e a possibilidade de mercantilização de direitos, em conluio com a iniciativa privada.

Reforma administrativa
Esta foi a deixa para que o economista, chefe da subseção do Dieese/DF, Max Leno de Almeida, expusesse, com inúmeros dados e explicações detalhadas, os males advindos da aprovação da PEC 32, apelidada pelo governo de “reforma administrativa”, mas que se trata, literalmente, de uma “deforma administrativa”.

“Além de toda a vulnerabilidade e perda de direitos que a PEC traz para o setor público e os servidores, existe nela o chamado instrumento de cooperação, que é a possibilidade de compartilhamento de estrutura física e de recursos humanos de particulares na execução de atividades públicas. Isso representa, na prática, a possibilidade de mercantilização irrestrita de direitos sociais”, considera o economista.

Defesa da tese e análise de conjuntura
Ampliando o foco da análise de Max Leno, Ademar Rodrigues, Walmir Barbosa, Gilvam Moreira, João Pires e Pedro Armengol partiram da tese do Sintsep-GO para este XII Congresso – que foi apresentada rapidamente pelo presidente da entidade – para trazer aos delegados um resumo completo da situação na qual se encontra atualmente o país, a partir de vários enfoques.

Enquanto Walmir fez uma análise mais história e sociológica, encadeando fatos que ocorreram deste o “golpe institucionalizado”, como ele mesmo definiu, contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), Gilvam falou do nível de organização da direita, trazendo à reflexão de todos o quanto os setores conservadores, mesmo divergentes quanto à condução do país e da economia, se unem no apoio a Bolsonaro, “o que ficou demonstrado no 7 de setembro, bancado e apoiado especialmente pelo agronegócio”, destacou.

João Pires deu continuidade à análise de Gilvam, reforçando que a esquerda deve, de forma unificada, encontrar meios de se organizar, cada vez melhores, e de expressar essa organização através de atividades que alcancem a população, promovendo engajamento. “É fundamental compreender a força da propaganda e a força da organização no nosso campo. Não há como travar a luta sem fortalecer nossas organizações, sem fortalecer os sindicatos e as instâncias de luta, fazendo a luta com os movimentos de forma unificada, para que sejamos vitoriosos”, pontuou.

Armengol fez o arremate, relacionando o contexto internacional ao que está acontecendo no Brasil. “A ultradireita no Brasil e no mundo veio para ficar, eles têm projeto. Está difícil, mas não tem nada perdido”, considera, especialmente a partir de derrotas que a direita tem sofrido nas américas, em países como Bolívia, Argentina, Peru e no próprio Estados Unidos, com a derrota de Trump. Para ele, o 7 de setembro representou um “ensaio para o golpe” e que a esquerda deve se organizar com o mesmo nível de profissionalismo que a direita possui, sobretudo na comunicação. “Além disso, temos que acolher os eleitores arrependidos de Bolsonaro, que são inúmeros. Temos 1/3 do eleitorado, ele tem 1/3 do eleitorado e praticamente há o restante de indecisos. Temos que fazer nosso trabalho e mostrar para as pessoas que podemos enterrar de vez a necropolítica, o negacionismo, o genocídio, a corrupção e a humilhação que se tornou este governo para nós e para o nosso país”, concluiu.

Você pode assistir a íntegra de praticamente todas as atividades do XII Congresso do Sintsep-GO desta sexta e sábado (24 e 25/9), clicando abaixo. Confira: