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Em Goiás, ato reúne centenas de servidores em frente ao Ministério da Saúde e deixa claro, para o governo, que greve é possibilidade real, caso a negociação não alcance as expectativas mínimas da categoria

Em Goiás, como em vários Estados do país, centenas de servidores públicos federais saíram às ruas buscando sensibilizar o governo Federal no atendimento às demandas emergenciais da categoria, enumeradas como eixos principais da Campanha Salarial 2015.

A concentração se deu em frente ao prédio do Ministério da Saúde, na Praça Cívica, centro de Goiânia. Sintsep-GO, CUT-GO, CTB, SintIFESGO e Sintfesp coordenaram o ato, no qual os servidores contornaram a Praça Cívica, desceram a Avenida Goiás até a Avenida Anhanguera, finalizando o ato no mesmo local de início, após retornarem pelo mesmo caminho. O principal cruzamento de Goiânia, dos eixos Norte-Sul e Leste-Oeste (Avenidas Goiás e Anhanguera) foi bloqueado pelos servidores durante alguns minutos, ocasião na qual foi relatado aos passantes – de forma mais incisiva – o motivo pelo qual os servidores protestavam naquela manhã. “Apesar dos transtornos, queremos a população do nosso lado, compreendendo que o país deve realizar investimentos no setor público para que a sociedade tenha serviços de qualidade à sua disposição”, afirmou o tesoureiro do Sintsep-GO, Ademar Rodrigues.

O presidente do Sintsep-GO, Vicente Gonçalves Ribeiro, parabenizou os companheiros que participaram do ato. “Grande parte deles veio do interior dar o seu recado contra a dificuldade de negociar com o governo uma pauta que já é emergencial, devido ao nível de desvalorização que alcançou o setor público federal nos últimos anos. Uma defasagem que representa quase 1/3 das remunerações das maiores carreiras do Executivo, além de outras perdas relacionadas a poderes como Legislativo e Judiciário”, apontou o presidente.

No ato, estiveram presentes servidores do Ministério da Fazenda, do Inmetro, do MAPA, do Incra, do Ibama, do MTE e da Funai, bem como dos municípios de Formosa, Aparecida de Goiânia, Ceres, Rialma, Nova Glória, Anápolis, Jataí, Rio Verde, Senador Canedo, Trindade, Caldas Novas e Jaraguá. Clique aqui para conferir as fotos da atividade no Facebook do Sintsep-GO.

Resposta
A contraproposta do governo, apresentada na última sexta-feira, dia 26 (um dia após o ato nacional), não agradou os servidores. “Na verdade, ela foi irrisória, considerando a pauta que apresentamos”, destacou Ademar. A princípio, a proposta do governo para a categoria é um reajuste plurianual de 21,3% que seria parcelado em quatro anos. Os percentuais escalonados seriam pagos a partir de 2016 (5,5%), sendo estendidos para 2017 (5%), 2018 (4,75%), terminando finalmente em 2019 (4,5%). “A Campanha Salarial Unificada 2015 solicita um percentual de 27,3% para 2016”, emenda o tesoureiro.

Para estabelecer o índice de 27,3% os servidores levaram em conta que entre 2010 e 2012 o governo da presidente Dilma Rousseff não concedeu reajustes. Somente a partir de janeiro de 2013, após uma forte greve geral, foi conquistado o reajuste de 15,8% (divido em três anos: 2013-2014-2015), considerados e descontados no cálculo. A partir daí foram incluídos percentuais levantados por estudos que consideraram a previsão de inflação para este ano (6,6%) e para o 1º semestre de 2016 (2,8%), acrescidos de um pedido de ganho real de 2%. O índice linear de 27,3% não exclui a luta pelas demandas que buscam a correção de distorções e, inclusive, fazem parte de termos de acordo já firmados com o governo.

Proposta indecente
Ainda sobre o reajuste apresentado hoje pela SRT, Mendonça informou que haveria a possibilidade de rediscussão dos percentuais ao longo desse período de quatro anos, apenas se o cenário econômico permitisse. O secretário da SRT chegou a dizer que a proposta não é considerada um aumento e se algo para preservar o poder de compra futuro. Nenhum outro item da pauta unificada dos federais foi discutido na mesa. Parafraseando o senador Paulo Paim que recentemente comentou a alternativa do governo ao fator previdenciário, o diretor da Condsef que acompanhou a reunião, Josemilton Costa, se referiu a proposta do governo como sendo indecente. A SRT confirmou uma nova rodada de negociações com as entidades do Fórum para o dia 7 de julho.

Cenário aponta para greve geral
Frente ao novo cenário, a direção da Condsef decidiu alterar novamente a data da plenária nacional da maioria dos servidores do Executivo que aconteceria no dia 11 de julho. A plenária acontecerá agora no próximo dia 4, sábado. Assim, o Conselho Deliberativo de Entidades (CDE) da Confederação se reúne no dia 3. Um indicativo de greve para julho, aprovado por unanimidade na última plenária da maioria dos federais, está mantido e volta a ser discutido na próxima plenária. Um entendimento da maioria é de que não se pode permitir que a categoria sofra mais uma vez os efeitos de um ajuste fiscal.

Dados mostram que, nos últimos anos, os investimento de pessoal – que já possuem critérios rígidos de limite previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal – estão mais que controlados. A redução de investimentos no setor público acarretará consequências diretas na precarização ainda mais grave dos serviços públicos. Serviços esses que são foco constante de protestos por grande parte da população que pede qualidade e eficiência no atendimento público em saúde, educação, segurança, infraestrutura e tantos outros serviços essenciais que são obrigação do Estado fornecer.

Confira os principais eixos da Campanha Salaria 2015:
-Política salarial permanente com correção das distorções e reposição das perdas inflacionárias;
-Índice linear de 27,3%;
-Data-base em 1º de maio;
-Direito de negociação coletiva (Convenção 151 OIT);
-Paridade salarial entre ativos e aposentados;
-Retirada dos projetos do Congresso Nacional que atacam os direitos dos trabalhadores;
-Aprovação imediata daqueles que favorecem os direitos dos trabalhadores;
-Isonomia salarial e de benefícios entre os 3 poderes.

Sintsep-GO com informações da Condsef