Brasília foi tomada pelas “Margaridas”
100 mil mulheres marcham na capital federal, vinda de todos os estados, reivindicando soberania, democracia, justiça, liberdade e um país livre de violência
Milhares de mulheres do campo, das florestas e das águas vieram à Brasília para marcharem juntas em defesa da agroecologia, por saúde e educação no campo, pelo fim da violência contra as mulheres e pela garantia de uma Previdência Social e Solidária. Reunindo mais de quatro mil sindicatos da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais (Contag), a organização estima participação de aproximadamente 100 mil manifestantes liderados pelas mulheres trabalhadoras rurais.
As caminhantes saíram pontualmente às 7 horas da manhã do Parque da Cidade e marcharam quase seis quilômetros, rumo ao Congresso Nacional, com extensão que se perdia de vista. A maior manifestação de mulheres da América Latina é organizada pela Contag e apoiada por 16 organizações parceiras. Com batucada, alegria e reforço das mulheres indígenas, que ontem realizaram sua primeira marcha na capital federal, o ato reivindicou soberania, democracia, justiça, liberdade e um país livre de violência.
Desde os anos 2000, a cada quatro anos, mulheres rurais marcham em memória de Margarida Maria Alves, liderança assassinada para defender os direitos de trabalhadores rurais. O protesto é a voz de quem produz o alimento do nosso país, livre de agrotóxicos. A coordenadora geral da Marcha das Margaridas 2019, Mazé Morais, reforça a necessidade da manifestação para denunciar os ataques que a população brasileira vem sofrendo, em especial as mulheres. “Nós não vamos nos calar”, declara.
Demandas das mulheres
Elas pedem o fim do racismo, o respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos. Do alto do carro de som ecoa: “Brasília está florida, é o querer das Margaridas”. Ontem, terça-feira, 13, houve sessão solene em homenagem à marcha na Câmara dos Deputados e Mazé Morais comentou do Plenário a importância do encotro. “É um momento extremamente importante, uma semana expressiva, de muita luta, de muito desafio para todas nós. Momento em que as mulheres indígenas realizam sua primeira marcha em Brasília e momento em que todos os brasileiros vão às ruas em defesa da educação”, declarou.
“Este é um ato de denúncia, mas também de proposição, em que as mulheres do campo, das florestas e das águas dizem qual o modelo que elas desejam para a sociedade, onde tenham terra, agroecologia, água, educação, Previdência Social; onde não haja tanta violência. Se este governo acha que vai nos calar, nós seremos rebeldia”, discursou Mazé.
A Condsef/Fenadsef, bem como o Sintsep-GO, apoiam e participam da luta das Margaridas. Secretária de Gênero, Raça, Etnia e Opressões, Erilza Galvão dos Santos declarou que a pauta geral desta luta têm uma importância enorme para a entidade que representa 80% dos servidores públicos federais. “Nós do servido público temos que dialogar para forçar o governo rumo à melhoria de políticas públicas que atendam estas demandas. Não tem como atender a pauta central da Marcha das Margaridas – a questão da terra, da água, da soberania popular, da erradicação da violência contra as mulheres – se não tiver política pública por trás. Ainda mais em um governo como este, que é só retrocesso”, declarou. (Confira aqui mais fotos da atividade).
Com informações da Condsef/Fenadsef