Bolsonaro ‘invade’ STF, pressiona fim do isolamento enquanto pandemia avança
Com setores da “economia real”, presidente e ministro da Economia falam em colapso, mas já liberaram mais de R$1 trilhão ao setor financeiro. Condsef/Fenadsef reage e cobra do governo ações eficazes para garantir renda a quem de fato precisa
Em mais um ato de extrema irresponsabilidade o presidente Jair Bolsonaro “invadiu” o Supremo Tribunal Federal (STF) forçando uma reunião não agendada com o ministro Dias Toffolli, nessa quinta-feira, 7/5. Na companhia do ministro da Economia, Paulo Guedes, e de empresários e membros de associações de diversos setores como o têxtil, de produção de cimento, farmacêutico, máquinas, calçados e energia, o presidente foi, mais uma vez, exigir o fim do isolamento social, recomendado em todo mundo para conter o avanço da pandemia de Covid-19. Enquanto as vítimas da doença aumentam e o Brasil passa a ser apontado como próximo epicentro do mundo da contaminação pelo novo coronavírus. “
Indignada com mais um ato de covardia e extremo desprezo com a vida dos brasileiros, a Condsef/Fenadsef prepara uma reação e vai acionar o STF contra o que considera inadmissível: colocar o lucro acima da vida. O secretário-geral da entidade, Sérgio Ronaldo da Silva, conta que a assessoria jurídica estuda ações para cobrar responsabilidade do governo Bolsonaro. “Vamos cobrar que o STF também receba e ouça nossas representações de trabalhadores”, adiantou o secretário-geral. “É assustador o que está acontecendo. Não vamos admitir que o governo continue penalizando a classe trabalhadora e afetando com isso a economia real, enquanto libera trilhões para banqueiros, inviabiliza a reação da indústria e do comércio e depois vem responsabilizar governadores e prefeitos por seus atos irresponsáveis”, disse Silva.
O Conselho Deliberativo de Entidades (CDE) está reunido para discutir como enfrentar esse cenário que caminha para o inevitável caos social. “Se Bolsonaro e Paulo Guedes acham que basta forçar o fim do isolamento para resolver os problemas que eles estão criando na economia desde que pisaram no Palácio do Planalto estão muito enganados. Sem um projeto de País que eles nunca tiveram será impossível contornar os problemas provocados por eles mesmos”, pontuou o secretário-geral.
Instigando trabalhadores informais, desempregados que estão em situação extrema, o presidente ainda aposta no apoio de parte da sociedade civil para seu plano genocida. “Basta ver como o governo tem tratado a questão de auxílio emergencial com total despreparo. Essas filias de milhões de brasileiros para conseguir um necessário suporte financeiro nesse momento de crise são inadmissíveis. E acreditamos que essa irresponsabilidade e incompetência chegam a ser propositais”, dispara o dirigente. “Enquanto seguir retirando direitos e promovendo arrocho salarial a trabalhadores da iniciativa privada e do setor público o governo só vai conseguir estimular ainda mais o caos e o colapso que anunciam”, avalia.
Acelerar privatizações
Não satisfeito com todos os ataques, Paulo Guedes ainda pressiona para acelerar seu projeto de privatizações de setores estratégicos para o Brasil. Como alertou o deputado federal Glauber Braga durante votação do famigerado PLP 39/20 que congela salários e direitos de servidores até dezembro de 2021, os ultraneoliberais estão se reposicionando e avançando com o projeto de destruição do Estado brasileiro. “Não vamos permitir que a irresponsabilidade e o descaso com a vida falem mais alto. É momento de unidade de toda classe trabalhadora e esses empresários que dão suporte a Bolsonaro precisam enxergar que o projeto de destruição dos trabalhadores é também um projeto que inviabiliza seus negócios”, pontou Sérgio. “Repudiamos veementemente essa forma de Bolsonaro impor sua estratégia genocida enquanto o povo do Brasil segue com as vidas ameaçadas pelo desafio imposto por essa pandemia”, acrescentou.
A Condsef/Fenadsef segue defendendo que o governo apresente soluções eficazes para que a ajuda chegue a quem precisa e para que um projeto sólido para reerguer a economia no cenário pós-pandemia possa acontecer. A revogação da EC 95/16, do teto de gastos, suspensão do pagamento de juros e dividendos da dívida pública e uma reforma Tributária capaz de taxar grandes fortunas são pontos considerados fundamentais nesse momento. “Sem um projeto e pressionando pelo fim do isolamento Bolsonaro só colherá como resultado o caos e precisa ser responsabilizado por isso”.
Fonte: Condsef/Fenadsef