Guilherme Boulos protestou contra decisão judicial que mudou local de ato em São Paulo. Em Belém e no Rio de Janeiro houve prisão arbitrária de manifestantes. Manifestações em diversas cidades do Brasil pediram democracia e protestaram contra o racismo na manhã e na tarde deste domingo (7/6). Algumas sofreram com a repressão policial

“Pela democracia, contra o racismo e o fascismo”. Esses foram os motes centrais do ato histórico e legítimo que reuniu cerca de 4 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesse domingo, 7 de junho. Unidos em defesa da democracia e pedindo o fim do governo Bolsonaro, servidores federais participaram. A Condsef/Fenadsef e o Sindsep-DF levaram bandeiras em defesa do setor público e cobrando respeito aos servidores. A marcha antifascista de Brasília teve início às 9 horas, em frente à Biblioteca Nacional. Por volta das 10 horas, milhares de manifestantes tomaram a rua da Esplanada dos Ministérios, enquanto policiais faziam um cordão na frente dos prédios.

Servidores e população cobraram a derrubada no Congresso Nacional do veto dado por Jair Bolsonaro no PLP 39/20. O projeto promove chantagem para axiliar estados e munícipios em meio à pandemia do novo coronavírus a partir do congelamento salarial e de direitos de milhares de servidores. O protesto transcorreu pacífico e foi uma vitória dos que acreditam na democracia e num Brasil mais justo para todos e todas.

Outros atos foram registrados em diversas cidades que também contaram com participação de entidades filiadas à Confederação. “Vidas negras importam” foi outro grande destaque dos protestos, lembrando vítimas do racismo estrutural brasileiro. Sob aplausos, um grupo de profissionais da saúde também aderiu ao ato. 

O ato desse domingo marca a insatisfação de uma clara maioria com os rumos que o País tem tomado. Na semana que antecedeu a atividade, um artigo do vice-presidente, general Hamilton Mourão, classificando antifascistas que puxaram o movimento de “terroristas” foi duramente criticado por diversos representantes da sociedade civil organizada. O direito a livre manifestação foi defendido e assegurado. Utilizando material de proteção, máscaras e álcool gel representantes de diversos segmentos da sociedade se fizeram presentes e unidos em defesa da democracia e dos direitos. 

São Paulo
Em São Paulo, a concentração no Largo da Batata começou às 14h, após a Justiça ter proibido a mobilização na Avenida Paulista. A decisão, segundo o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, teve como objetivo desmobilizar a manifestação.

No ato, ele discursou e rebateu as acusações de Jair Bolsonaro contra manifestantes, conforme registrou o site Viomundo. “O Bolsonaro passou esses dias todos dizendo que a gente é terrorista. Terrorista não é quem defende a democracia, terrorista é quem é expulso do Exército por tentar explodir o quartel!”, disse.

“Vagabundo é quem ficou 27 anos no Congresso e não fez porra nenhuma. Vagabundo é o Véio da Havan, que recebeu auxílio emergencial”, destacou ainda o líder do MTST.

Repressão policial
No Rio de Janeiro, cerca de 15 manifestantes foram detidos na região central da capital fluminense, antes do início do ato Vidas Negras Importam. Segundo o organizador do movimento, Gabriel Murga, a alegação foi que estavam portando álcool gel.

“O grupo não faz parte do movimento, era uma manifestação independente, mas ficamos sabendo que foram detidos por portar álcool gel e já enviamos advogados para a delegacia”, disse Murga ao Estadão Conteúdo.

Em Belém, houve detenção de ativistas.”Foi uma mega operação da polícia militar e civil e dezenas pessoas detidas, uma operação absurda e desproporcional”, disse o advogado Marco Apolo da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).

Em nota, a entidade destacou que as prisões “não fazem sentido”. “Se não é permitido aos manifestantes se reunirem como aconteceu hoje, também não deveria ser permitido aglomerações em Zonas Comerciais de Belém. é um Decreto que de forma desmedida aponta uma conduta como proibida em uma ocasião, mas abre possibilidades para outra. A lei que vale para um ambiente deveria valer para todos.”

Goiânia
No ato em Goiânia foi detido, de maneira ilegal, o estudante negro Alake Oranyan Rodrigues Almeida. Ele é militante da UJC e diretor do DA de Educação Física da UFG. Segundo testemunhas, a ação policial ocorreu às 15 horas, na Praça Cívica. “Ele estava com uma tesoura pequena sem pontas. Os PMs disseram que ele iria ser levado para o Estádio Olímpico, mas não recebemos nenhuma notícia do jovem até o momento, nem entrada em nenhuma delegacia”, afirmou, em seu perfil do facebook, o presidente do Sindsaúde/GO, Ricardo Manzi.

Sintsep-GO com informações da Rede Brasil Atual e Condsef/Fenadsef