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As movimenta��es que acontecem por todo pa�s motivadas pelo aumento de passagens de transportes p�blicos v�o al�m, muito al�m de R$ 0,20. Com isso, todos j� concordam. Os atos que t�m reunido cada vez mais manifestantes e tomam as ruas em diversas cidades brasileiras refletem a ang�stia e acumulam os anseios de uma popula��o que demonstra cada vez mais o rep�dio a pol�ticas de governo que privilegiam minorias. E mais. Rea��es truculentas da pol�cia n�o ser�o suficientes para barrar a crescente manifesta��o de rep�dio da popula��o frente a um Estado omisso. N�o � com viol�ncia que o Estado ganhar� essa batalha. As rea��es v�o continuar enquanto o governo permanecer desonerado bilh�es em impostos aos grandes empres�rios; enquanto sobretaxar a popula��o, aumentando pre�os e recolhendo impostos sem se importar em devolver �s pessoas servi�os p�blicos de qualidade. Deve haver rea��o enquanto falta sa�de, educa��o, seguran�a, transporte digno e sobra descaso, corrup��o e impunidade. Os investimentos question�veis para que o Brasil sedie a Copa do Mundo tamb�m v�o continuar mobilizando a sociedade. A Condsef refor�a o coro dos cr�ticos preocupados com as contas que a popula��o ter� que pagar para que o Brasil possa sediar a �festa do futebol�.

Falta de transpar�ncia em licita��es, programa de privatiza��o em aeroportos, empr�stimos bilion�rios para constru��o de est�dios, obras em infraestrutura atrasadas em todo Brasil. O cen�rio exibido agora na Copa das Confedera��es, movimentado por protestos, e pr� Copa do Mundo 2014, tem sido alvo de preocupa��o de especialistas de diversas areas. A Condsef se une aos preocupados com as consequ�ncias para a popula��o brasileira da realiza��o da maior festa do futebol em territ�rio nacional. Enquanto o governo afirma ter sob controle a organiza��o do maior evento esportivo do mundo, a popula��o reage � inje��o de dinheiro p�blico em projetos de necessidade duvidosa. Afinal, vale a pena pagar uma conta alta para sediar a Copa enquanto a popula��o continua vivendo o caos nos servi�os essenciais?

A oportunidade de receber eventos internacionais de grande amplitude pode ser positiva quando bem administrada. Mas n�o � isso que ocorrido no Brasil. Sob o pretexto de mostrar ao mundo um grande espet�culo e driblar os problemas que se multiplicam na organiza��o dessa Copa, o governo tem lan�ado m�o de uma s�rie de recursos que podem trazer graves consequ�ncias ao setor p�blico em curto, m�dio e longo prazo, tornando ainda mais fr�geis servi�os que hoje j� n�o conseguem atender a demanda interna.

Transferir responsabilidades ao setor privado n�o � solu��o
A decis�o de se investir na privatiza��o como alternativa para solucionar problemas estruturais para sediar eventos esportivos causa estranheza j� que vai de encontro ao discurso do pr�prio governo do PT. O partido da presidenta Dilma Rousseff sempre demonizou as privatiza��es. Mas ainda que se valha do recurso de capitalizar setores administrados hoje pelo Estado, estudos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada) apontam que nem a entrada da iniciativa privada ser� suficiente para garantir o sucesso da conclus�o de projetos estruturais at� a Copa.

Os problemas vistos e sentidos pela popula��o t�m origem no baixo n�vel dos investimentos p�blicos ao longo dos anos. A falta de uma pol�tica de Estado forte cobra sua conta justamente daqueles que j� pagam caro por ela: a popula��o brasileira. Por isso, a tentativa de apagar inc�ndios nos setores essenciais para promover uma copa do mundo deve expor as fragilidades de um pa�s que tem se mostrado mais preocupado com apar�ncias que com o bem-estar de seu povo. No atual modelo de investimentos adotado no Brasil, ainda que continue pagando muito e mais caro, a popula��o nunca ter� acesso a servi�os de qualidade.

At� aqui o mundial n�o tem se mostrado um bom neg�cio para a maioria dos brasileiros. Os esfor�os promovidos para fazer desta a melhor Copa dos �ltimos tempos esbarram em muitas traves e provocam a sensa��o de que tantas �bolas fora� v�o deixar marcas profundas. Quando a ressaca da festa passar, o Brasil p�s Copa pode levar bem mais que quatro anos para se recuperar de tantos baques.

Fonte: Adapta��o da Condsef