Senhor Presidente,

Venho expor ao senhor a imensa frustração que sinto, ao finalizarmos o ano de 2023, tendo em vista a proposta de (não) reajuste apresentada pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) às entidades representativas dos servidores públicos federais.

O senhor sabe melhor do que nós o quanto o presidente anterior, em seu desgoverno, fez mal a esse país. E o senhor sabe o quanto lutamos para que Vossa Excelência alcançasse, mais uma vez, o cargo mais importante de nossa República. Depositamos em sua ascensão os nossos sonhos de uma vida melhor, distribuição de renda mais justa, em especial para as classes menos favorecidas e entre elas eu posso contar, seguramente, grande parte dos aposentados e pensionistas vinculados ao governo Federal.

A proposta, ora apresentada, que reajusta apenas os benefícios é uma afronta aos milhares de senhores e senhoras que serviram ao país, que tiveram seus vencimentos consumidos no decorrer do tempo, e que agora, quando tinham a esperança de receber ao menos uma parte da devida valorização, tiveram suas esperanças jogadas por água abaixo.

Enquanto isso, bilhões de nosso orçamento são distribuídos em emendas a parlamentares do chamado Centrão, que fazem proselitismo político às nossas custas, e que ao mesmo tempo que negociam com o senhor pela frente, tramam pelas costas a sua derrocada. Legislativo e Judiciário têm garantidos os melhores direitos, e o Executivo só leva tinta. Até quando?

As perdas dos servidores federais, nos últimos sete anos, ultrapassam os 35%. Na prática, isso significa que mais de 1/3 do poder aquisitivo desses trabalhadores foi consumido pela inflação. Trabalhadores que, quando chegam a essa idade, consomem grande parte de seus vencimentos em medicamentos e no custeio dos planos de Saúde – embora a maioria, por não conseguir arcar com os valores abusivos das operadoras particulares e conveniadas (Geap, Capesaúde etc.), já os tenha abandonado. Estão entregues à própria sorte.

De tal forma que não é concebível para nós que seu governo, no qual depositamos tantas esperanças, trate aposentados e pensionistas com a mesma medida do governo anterior, invalidando inclusive todo o trabalho que fizemos junto a eles para sua vitória, em 30 outubro de 2022.

Da mesma forma que não o deixamos na chapada, presidente, eu lhe peço que o senhor também não nos deixe, e utilize sua capacidade de diálogo e de movimentação política para assegurar pelo menos um pouco de justiça aos milhares de servidores do Executivo, aposentados e pensionistas, que juntos conosco, acreditaram na mudança.

Márcia Jorge é sindicalista, servidora pública aposentada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e, atualmente, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Goiás (Sintsep-GO).