Nesta sexta-feira, 14/5, haverá novo ato em frente ao HC, a partir das 8 horas, desta vez com a participação dos Residentes Multi, que também fazem greve, em todo o país, devido ao não pagamento das bolsas-salários e das bonificações em atraso

O primeiro dia de greve dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) contou com a adesão de mais de 60 profissionais, dos diversos segmentos da empresa. Junto com a direção do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Goiás (Sintsep-GO), eles se concentraram em frente ao novo Hospital das Clínicas (HC) da UFG a partir das 7 horas. Nesta sexta-feira, 14/5, haverá novo ato em frente ao HC, a partir das 8 horas, desta vez com a participação dos Residentes Multi, que também fazem greve, em todo o país, devido ao não pagamento das bolsas-salários e das bonificações em atraso. Além de não receberem, eles não podem executar outro trabalho remunerado, devido à dedicação exclusiva do residente.

Ao longo do dia, os trabalhadores da Saúde, junto com o Comando de Greve, se revezaram na mobilização em frente ao Hospital, convidando colegas para integrar o movimento, além de garantir o funcionamento das atividades essenciais, bem como o percentual de 50% das demais atividades.

Pacientes que chegavam à unidade, quando compreendiam o motivo do protesto, se solidarizavam aos profissionais, que estão sendo ameaçados de redução salarial pela Ebserh. Em reunião mediada ontem (12/5) pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), entre a Ebserh e as entidades Sindicais, todas as propostas encaminhadas pela empresa tratavam da alteração no indexador de cálculo de insalubridade dos trabalhadores, o que poderá reduzir os salários em até 27%.

Para o presidente do Sintsep-GO, Ademar Rodrigues de Souza, o que o governo está fazendo com os trabalhadores da Saúde, em plena pandemia, é “imoral”. “A política de morte do governo Bolsonaro segue a todo vapor, atingindo agora os profissionais da Saúde que estão exaustos no combate ao coronavírus. Nós não vamos permitir que a Ebserh cometa essa injustiça contra os trabalhadores que, em vez de valorização, respeito e dignidade, recebem esse tipo de tratamento por parte do governo”, afirmou.

Entenda a greve
A razão do movimento é o impasse criado pela empresa no processo de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2020/2021. A Ebserh ofereceu um “reajuste” linear de R$ 500,00 aos trabalhadores celetistas condicionado à alteração da base de cálculo da insalubridade dos funcionários – que passaria a incidir sobre o salário-mínimo, e não sobre o vencimento básico. Na prática, as perdas salariais se tornariam maiores que o suposto reajuste, ou seja, um presente de grego, apresentado pela empresa na expectativa de dividir os funcionários.

De acordo com dados oficiais, a aprovação do acordo representaria perda de salário para 25.198 profissionais da empresa em todo o país, o que corresponde a 86,11% dos trabalhadores celetistas da Ebserh da área fim. Com isso, o ‘reajuste linear’ ofereceria recomposição salarial a apenas 4.064 trabalhadores (13,89% dos empregados) – que, ou não recebem insalubridade por serem de áreas administrativas (algo que em um ambiente hospitalar é questionável), ou foram contratados já com o percentual de insalubridade calculado sobre o salário-mínimo, em concursos e processos seletivos posteriores.

“Aceitar a proposta da empresa, na prática, significaria aceitar redução salarial, algo que é vedado tanto pela CLT quanto pela Constituição Federal. E isso nós não vamos aceitar”, aponta o vice-presidente do Sintsep-GO, Gilberto Jorge Cordeiro Gomes.

Reajuste sem condicionamento
As entidades que negociam com a empresa em nível nacional demonstraram disposição em aceitar o reajuste, desde que não seja alterada a base de cálculo da insalubridade. “Há mais de um ano o processo de negociações do ACT 2020/2021 esbarra em impasses. De um conjunto de 65 cláusulas apresentadas pela categoria, a empresa manteve rejeição a 52. Além de impor reajuste zero nas cláusulas econômicas, a mudança na aplicação da regra para o grau de insalubridade dos empregados reduziria os salários em até 27%”, afirma Gilberto, que também é diretor das entidades nacionais que defendem os trabalhadores da Ebserh (Condsef/Fenadsef).

Devido à falta de acordo, o ACT 2020/2021 está sob mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST). É a sétima vez que impasses entre empregados e a empresa levam o processo de negociação para mediação do acordo. Segundo os empregados da Ebserh, o atraso é culpa da empresa, que ignora o diálogo com os trabalhadores.

SERVIÇO
Ebserh: Segundo dia de greve terá ato conjunto com os residentes multi

-Data: 14/5 (sexta-feira)
-Local: Novo Hospital das Clínicas da UFG
-Horário: a partir das 8 horas

-Contatos:
:: Rodrigo Nunes Leles (Jornalista/Sintsep-GO): 62 99178-8730;

:: Ademar Rodrigues de Souza (presidente/Sintsep-GO): 62 98418-1501
:: Gilberto Jorge Cordeiro Gomes (vice-presidente do Sintsep-GO e diretor da Condsef/Fenadsef): 61 99939-6582.